7 de novembro de 2010

Lúpus e Rins


    O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença que atinge órgãos diversos (dentre eles os rins) e de formas diversas em cada indivíduo.
     O acometimento renal é frequente em pacientes com lúpus e, em geral, corresponde a uma glomerulonefrite, que pode apresentar-se das formas mais variadas, indo desde alterações urinárias mínimas (hematúria e/ou proteinúria pequena) até insuficiência renal.
     Considerando-se que a nefrite é uma das manifestações de atividade lúpica, devemos estar sempre atentos para a possibilidade de que venha a agravar-se ou a instalar-se num paciente que antes não apresentava lesão renal. Para tanto, além das informações fornecidas pelo paciente e os achados do exame físico, a realização de exames laboratoriais simples como o exame de urina (“Urina I”) e a determinação de creatinina no sangue são necessários. Outros exames podem ser adicionados a estes uma vez constatada a lesão renal.
    Essa “nefrite” do lúpus é classificada pela Organização Mundial de Saúde em 6 tipos e tal classificação baseia-se nas informações obtidas ao fazermos uma biópsia renal. A biópsia do rim é um procedimento em que um minúsculo pedaço de tecido renal é retirado para exame anátomo-patológico.
     No lúpus, é importante fazer esse tipo de biópsia, pois tratamentos diferentes são indicados de acordo com a classe de nefrite encontrada na análise da biópsia. Ela também serve para estabelecer se a doença evoluiu para uma fase crônica, na qual não se deve mais insistir em fazer tratamento imunossupressor. Além disso, dentre outras aplicações, é muito útil para esclarecer por que motivo um paciente com lúpus está evoluindo com insuficiência renal.
    Sem dúvida um dos pontos de maior interesse em relação ao problema renal no lúpus é o tratamento. As drogas mais utilizadas com esse fim são: prednisona (por via oral), azatioprina (por via oral), metilprednisolona (por via endovenosa) e ciclofosfamida (por via oral e por via endovenosa). Essas duas últimas medicações são bastante empregadas sob a forma de “pulsoterapias” por via endovenosa.
     A nefrite lúpica que não é tratada ou que não responde a tratamento pode evoluir para insuficiência renal crônica. Mas, mesmo quando tratamentos imunossupressores não mais podem deter esse processo, o paciente dispõe de “tratamento conservador” para garantir-lhe pelo maior tempo possível a utilização do que lhe resta de função renal. Cuidados com dieta e controle rigoroso da pressão arterial são medidas simples que podem lentificar a progressão da doença renal crônica para uma fase em que a diálise é imprescindível.
     Há relatos de que cerca de 20% dos pacientes com nefrite lúpica evoluem para insuficiência renal terminal. É bom lembrar, entretanto, que o paciente com lúpus tem uma sobrevida em diálise e após transplante renal tão boa quanto a de qualquer outro paciente não-lúpico e raramente apresenta qualquer tipo de atividade da doença (mesmo em outros órgãos) quando em diálise ou após transplante.
     O temor que há algumas décadas todos tinham diante do acometimento renal já não se justifica em nossos dias, pois, com a disponibilidade de esquemas de tratamento mais eficientes, a sobrevida do paciente com lesão renal vem melhorando continuamente. 

Profa. Dra. Gianna Mastroianni
Pesquisadora Associada da Disciplina de Nefrologia da Escola Paulista de Medicina.
Coordenadora do Ambulatório de Glomerulopatias da Universidade Federal de São Paulo. 

Fonte:  Sociedade Brasileira de Nefrologia (www.sbn.org.br)

6 de outubro de 2010

A importância de Estar Bem

 
Passar por algum evento estressante é um dos motivos que fazem com que o Lúpus se “ative” no organismo da pessoa, claro que não o único, existindo várias discussões a respeito das principais causas da doença, como a predisposição genética, a questão hormonal, pois atinge principalmente as mulheres, entre outros fatores.

     Porém, hoje, quero falar um pouco sobre a importância de estar bem, de sentir-se bem e do bom humor para enfrentar esta doença, de acordo com vários portadores (informações recebidas por meio de redes sociais) quando passamos por momentos estressantes, como: separações, desemprego, mortes, etc, sentimos mais dores, mais cansaço e a sensação de que nosso organismo está sendo atacado novamente. Por isso é essencial manter o equilíbrio emocional, não ficar com pensamentos negativos e encarar a vida com bom humor.
Para que isso ocorra cada pessoa tem uma estratégia, algumas recorrem a psicoterapia, outras a exercícios físicos, outras às relações afetivas já existentes, o importante não é a maneira como se combate o estresse e o mau humor e sim combatê-los, pois somente quando se trava uma luta é que se pode vencê-la. Quando você desiste, demonstra sua fraqueza, possibilitando que a doença se instale, e não somente doenças físicas... pense nisso!!!


Um abraço carinhoso
Denise

26 de setembro de 2010

Corticóide: vilão ou mocinho??


Muitos são os medos  que perpassam a vida de um portador de Lúpus, podemos citar, o medo das crises, da morte, da pulsoterapia e vários outros. Mas hoje quero falar um pouco de um vilão na vida das mulheres lúpicas, os corticóides.
A prednisona é o corticóide mais utilizado, na verdade ele é um glicocorticóide sintético, similar ao hormônio cortisol produzido em nossas glândulas supra-renais. Os glicocorticóides (glicose + cortex + esteróides) são hormônios esteróides (não-anabolizantes e não-sexuais) produzidos pelo córtex da glândula supra-renal.
O hormônio produzido naturalmente pelo nosso organismo é o cortisol. Níveis normais são essenciais para a saúde. O cortisol tem ação no metabolismo da glicose, nas funções metabólicas do organismo, na cicatrização, no sistema imune, na função cardíaca, no controle do crescimento e em muitas outras ações básicas do nosso corpo.
Existem várias formulações sintéticas de corticóides, as mais usadas na prática médica são a prednisona, prednisolona, hidrocortisona, dexametasona, metilprednisolona e beclometasona (via inalatória).
Os corticóides sintéticos são mais potentes que o cortisol natural, exceto pela hidrocortisona que apresenta potência semelhante.

Indicações da prednisona e corticóides

A prednisona e os corticóides em geral são drogas que conseguem modular processos inflamatórios e imunes do nosso organismo, tornando-se extremamente úteis em uma infinidade de doenças.
Qualquer doença de origem alérgica, inflamatória ou auto-imune, pode ser tratada com algum desses corticóides.

Efeitos colaterais da prednisona e dos corticóides em geral

Ao mesmo tempo que são drogas extremamente úteis em uma variedade de doenças graves, os corticóides apresentam, principalmente se usados a longo prazo, uma lista imensa de efeitos colaterais indesejáveis, que variam desde problemas estéticos até infecções graves por imunossupressão.
Os efeitos colaterais estão intimamente relacionados a dose e ao tempo de uso. Em muitos casos os efeitos adversos são menos graves do que as doenças que se pretende tratar. O uso esporádico e por pouco tempo não é capaz de levar ao efeitos descritos a seguir.
a) Efeitos colaterais dos corticóides na pele: Os efeitos estéticos são os que mais incomodam os pacientes, principalmente as mulheres. Entre os mais comuns podemos citar a equimose e a púrpura associadas ao corticóide. Estrias de cor arroxeada e localizadas na região abdominal, calvície, crescimento de pêlos em mulheres e acne também ocorrem com frequências em usuários crônicos de corticóides. Um sinal típico da toxicidade pelos corticóide é o desenvolvimento da aparência cushingóide que se caracteriza por um face arredondada (chamada de fácies em lua), pelo acúmulo de gordura na região posterior do pescoço e das costas (chamado de corcova ou giba de búfalo) e pela distribuição irregular da gordura corporal, com predomínio na região abdominal e tronco.
b) Efeitos colaterais dos corticóides nos olhos:  O uso contínuo de corticóides sistêmicos, normalmente por mais de 1 ano com doses maiores que o equivalente a 10mg de prednisona pode levar a alterações oftalmológicas como a catarata e glaucoma. Tanto os corticóides usados por via oral, usados por via nasal (spray nasal para asma ou bronquite) ou como forma de colírios podem causar ambas doenças.
c) Efeitos colaterais metabólicos dos corticóides: Além do ganho de gordura já descrito anteriormente, a corticoterapia crônica também leva a alterações do metabolismo da glicose, podendo inclusive induzir ao Diabetes Mellitus  e a elevação dos níveis de colesterol.
d) Efeitos colaterais cardiovasculares dos corticóides: A incidência de várias doenças cardiovasculares costuma aumentar com o uso prolongado de corticóides. Podemos citar o aumento da ocorrência de hipertensão, infartos do miocárdio, insuficiência cardíaca  e AVC.
e) Efeitos colaterais músculo-esqueléticos dos corticóides: A corticoterapia prolongada é responsável por aumento da incidência de osteoporose, necrose óssea, lesões musculares (miopatia), fraturas ósseas e distúrbios do crescimento quando usado em crianças.
f) Efeitos colaterais dos corticóides no sistema nervoso central: O uso de corticóides em um primeiro momento pode causar uma sensação de bem-estar e euforia. Porém, a longo prazo está associado a uma maior incidência de quadros psiquiátricos como psicose e depressão, além de insônia e alterações da memória.
g) Efeitos colaterais imunológicos dos corticóides: A imunossupressão causada pela corticoterapia é um efeito desejável nos casos das doenças auto-imunes, mas pode também ser um grande problema por facilitar a ocorrência de infecções. É preciso saber balancear bem os risco com os benefícios. O risco de infecção ocorre naqueles que tomam o equivalente a 10mg/dia ou mais de prednisona por vários dias, sendo muito elevado em doses acima de 40mg por dia. O risco de infecção torna-se significativo a partir de uma dose acumulada de 700mg de prednisona ou equivalente. Além de facilitar infecções, os corticóides também inibem o surgimento da febre, dificultando o reconhecimento de um processo infeccioso em curso.

14 de setembro de 2010

O que é Lupus?

Lúpus é uma doença rara, mais freqüente nas mulheres do que nos homens, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico, exatamente aquele que deveria defender o organismo das agressões externas causadas por vírus, bactérias ou outros agentes. No lúpus, a defesa imunológica se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, confundem o diagnóstico.
Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especialistas. Pessoas tratadas adequadamente têm condições de levar vida normal. As que não se tratam, acabam tendo complicações sérias, às vezes, incompatíveis com a vida. 
  
Critérios diagnósticos:
O diagnóstico de LES é estabelecido quando 4 ou mais critérios dos abaixo relacionados estiverem presentes:
  • Eritema malar (vermelhidão característica no nariz e face), geralmente em forma de "asa de borboleta"
  • Lesões discóides cutâneas (rash discóide)
  • Fotossensibilidade
  • Úlceras orais e/ou nasofaríngeas, observadas pelo médico
  • Artrite não-erosiva de duas ou mais articulações periféricas, com dor, edema ou efusão
  • Alterações hematológicas (anemia hemolítica ou leucopenia, linfocitopenia ou plaquetopenia) na ausência de uma droga que possa produzir achados semelhantes
  • Anormalidades imunológicas (anticorpo antiDNA de dupla hélice, antiSm, antifosfolipídio e/ou teste sorológico falso-positivo para sífilis)
  • Fator antinuclear (FAN) positivo
  • Serosite (pleurite ou pericardite)
  • Alterações neurológicas: convulsões ou psicose sem outra causa aparente
  • Anormalidades em exames de função renal: proteinúria (eliminação de proteínas através da urina) maior do que 0,5 g por dia ou presença de cilindros celulares no exame microscópico de urina
Esse método diagnóstico tem uma especificidade de 95% e uma sensibilidade de 75%, de forma que, quando, no mínimo, quatro critérios forem preenchidos, em média 95 de cada 100 pacientes apresentará, de fato, lúpus eritematoso sistêmico. Entretanto, somente 75 de cada 100 pacientes com lúpus eritematoso sistêmico apresentaram positividade para 4 ou mais desses 11 critérios.

Como é o tratamento?
Mesmo havendo protocolos internacionais para o tratamento de doenças complexas como o LES, cada paciente tem a sua história.
Sabe-se qual o melhor tratamento para cerebrite, nefrite, dermatite, mas os resultados são individuais. O tratamento do Lúpus não é um esquema pronto para ser executado e as características de cada caso ditarão o que se deve fazer, tornando-o artesanal. Os medicamentos utilizados podem provocar efeitos colaterais importantes e devem ser manejados por profissionais experientes.
Os pacientes devem estar alertas para os sintomas da doença e para as complicações que, embora raras, podem aparecer. Se forem prontamente manejadas é muito Mais fácil solucioná-las
O tratamento do LES deve ser feito por médicos experientes e os pacientes não devem modificá-lo sem orientação.

Fontes:

9 de setembro de 2010

A beleza da transformação


Olhar no espelho e reconhecer a própria imagem é algo que não tem explicação, ver que as velhas formas estão voltando aos seus lugares – talvez com algumas diferenças, positivas ou negativas – traz novamente o prazer do cuidar-se, do querer ser notada e do sentir-se bela, indiferentemente a qualquer estereótipo de beleza.
            Poucos conseguem dar o devido valor aos pequenos acontecimentos do dia-a-dia, à beleza existente nos detalhes, nas sublimes diferenças que cada um carrega dentro de si. Tive a sorte de sempre gostar dos prazeres a La Amelie Poulain e de procurar ver o lado bom dos acontecimentos, por piores que eles pudessem parecer. Outras pessoas, no entanto, aprendem a ter este olhar após algum fato que traga mudanças em suas vidas, como uma doença, um acidente ou a morte de um ente querido. Estes acontecimentos, por si só, geram tristeza, algumas vezes depressão, isolamento, mas podem trazer também, novos significados à vida. E é desta beleza que quero falar, da beleza da transformação, da beleza que é viver em um mundo tão incongruente, tão cheio de diversidades.
            Adoecer é algo que a maioria das pessoas não espera, descobrir que se tem uma doença incurável, porém, tratável, pode ser um choque para qualquer um, mas o sucesso de qualquer tratamento de saúde está no fato de a pessoa querer estar viva, desejar continuar vendo as belezas do mundo, descobrindo pessoas, lugares, amizades e amores.
            Passar por tratamentos que trazem sofrimento, mal estar, mudanças corporais, requer disciplina e também entender que os benefícios vêm a longo prazo, mas que eles vem, por isso é importante compreender este “novo” corpo e seus limites e principalmente respeitá-los.
            As transformações que o Lúpus trouxe para a minha vida dizem muito respeito ao auto-conhecimento e por meio desta experiência percebo muito mais beleza na família e nos laços de amizade, a importância destes sentimentos e do apoio que estas pessoas me proporcionam me fazem querer fazer o que for necessário para estar bem e poder retribuir  o amor e carinho que recebo.

um abraço carinhoso
Denise

8 de setembro de 2010

Iniciando...

Decidi fazer um blog para contar um pouco das mudanças que estão ocorrendo na minha vida em decorrência de uma doença, da qual irei falar mais detalhadamente em outro momento, o Lupus Eritematoso Sistêmico. Estas mudanças são internas: de pensamentos, atitudes e também da própria rotina da vida: com o tratamento e algumas restrições, são processos que quase todos os lupicos se veem obrigados a passar, porém cada um vivência de forma diferente.
Quero falar principalmente de experiências, próprias e de outras pessoas também, dos sentimentos que elas trazem, temores, expectativas, etc., para que as pessoas possam entender um pouco mais sobre esta doença que não é tão conhecida.

O titulo do blog: a Asa da borboleta, é referência a um dos sintomas do Lupus e também ao significado de transformação que a borboleta leva em sua tragetória.

um abraço carinhoso para quem passar por aqui.
Denise